O presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Rubens Rodrigues do Santos, diz que 2013 será o ano da virada da empresa. Reformulação da estrutura organizacional, investimento na construção de novos armazéns e lançamento de um plano de demissão voluntária para 1.500 empregados são algumas das aões que serão implantadas por Rodrigues, que assumiu o cargo em março de 2012, após uma longa crise deflagrada por denúncias de irregularidades na empresa e que culminaram na demissão do ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi.
Embora tenha sido indicado pela bancada federal goiana do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), o funcionário de carreira da Caixa Econômica Federal Rubens Rodrigues é um defensor da meritocracia e da criação de critérios técnicos para que profissionais de carreira gabaritados ocupem cargos importantes na empresa, principalmente os que estão sendo criados com a reformulação do organograma. O passo seguinte é a proposta estatutária de transformar a Conab em S/A. os diretores terão mandato de três anos, podendo ser renovado com exigência de qualificação para o cargo.
Desde a sua criação, em 1990, a Conab convive com as pendências trabalhistas herdadas da fusão entre a Companhia Brasileira de Alimentos (Cobal), Companhia de Financiamento da Produção (CFP) e Companhia Brasileira de Armazenagem (CFP). O reflexo disso é que a Conab enfrenta 5 mil processos na Justiça do Trabalho, embora tenha 4.500 funcionários. Grande parte das demandas refere-se aos 2.555 empregados que retornaram ao quadro após a anistia concedida aos que foram demitidos na época da fusão, ocorrida na gestão do ex-presidente de Fernando Collor de Mello.
Rubens Rodrigues acredita que a solução do passivo trabalhista e a renovação do quadro de funcionários são importantes para a modernização da Conab, que foi obrigada a aceitar de volta açougueiros, balconistas e operadores de caixa, embora as funções tenham deixado de existir a partir da extinção da Cobal. Ele conta que a maioria dos anistiados, que ocupam cargos de assistente administrativo, tem baixa escolaridade e por isso não consegue se enquadrar num processo de requalificação. Outra questão a ser revolvida é o envelhecimento do quadro, pois a faixa etária média é de 58 anos, sendo que mil funcionários já se aposentaram pelo INSS. A solução está na criação de um fundo de previdência que garanta assistência média a custos acessíveis após a saída da empresa.
Modernização – Um dos principais desafios na Conab é melhorar a governança e para isto o novo organograma terá novas áreas como a de precificação, controles internos e riscos corporativos. Rubens Rodrigues explica que a Conab recebe repasses de recursos para prestação de serviços ao governo federal, sem que tenha um conhecimento do custo exato de cada atividade, como os programas sociais de compra de alimentos da agricultura familiar e distribuição das cestas básicas, além da armazenagem, leilões para equalização de preços e escoamento da produção, e os levantamentos das estimativas de safras de grãos, café, cana e laranja. “O governo e a sociedade precisam saber quanto custa cada atividade, pois é fácil dizer que a empresa é dependente do Tesouro”, diz ele.
Rubens Rodrigues garante que a reformulação da Conab não representa aumento nos custos da companhia, que em 2012 contou com recursos federais da ordem de R$ 3,2 bilhões no orçamento, sem incluir o programa de aquisição de alimentos, com repasses dos ministérios do Desenvolvimento Agrário (MDA) e do Desenvolvimento Social (MDS). O orçamento previsto para 2013 é de R$ 2,9 bilhões. Nas contas também não estão incluídos os programas de apoio à comercialização, previstos pela política de preços mínimos. Estes programas são executados pela Conab, mas os recursos orçamentários da ordem de R$ 5,2 bilhões são administrados pelo Ministério da Agricultura.
Armazenagem – Alvo de severas críticas ao longo de 2012, por causa da demora na remoção de milho para atender as regiões atingidas pela estiagem, a Conab também se prepara para melhorar a estrutura de armazenagem e distribuição de grãos. Neste ano a Conab receberá repasses de R$ 23 milhões do MDS para investir na “granelização” de 26 armazéns da região Nordeste, que hoje estão capacitados apenas para operar com grãos ensacados. Rubens Rodrigues conta que este foi um dos principais entraves na remoção dos estoques, pois os caminhões graneleiros enfrentaram filas nos armazéns no destino, que só podiam descarregar dois veículos por dia.
A Conab em 2013 também começa a tirar do papel seu plano de investimento na construção de armazéns nas regiões de fronteira e próximo aos portos. O primeiro projeto, que já conta com estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental, e está previsto para ser entregue em 2015, é a ampliação para 100 mil toneladas da bateria de silos no Porto de Itaqui, em São Luís (MA), com recursos da ordem de R$ 90 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A Conab também contratou estudos para construir outro armazém com capacidade para até 100 mil toneladas no município de Viana, no Espírito Santo, próximo à ferrovia e aos portos da Grande Vitória.
Rubens Rodrigues explica que a localização dos armazéns nos portos é estratégica, pois a navegação por cabotagem possibilita a remoção de grãos, com agilidade e menor custo, para a região Nordeste. Estes armazéns também serão fundamentais para outra meta da Conab, que é a exportação dos estoques excedentes, seja por meio de venda ou doações humanitárias. Ele ressalta que a Conab não quer competir com as tradings e sim atender à demanda por milho, arroz e açúcar de governos como Suriname e Bangladesh. O Suriname neste ano propôs ao governo brasileiro um convênio no valor de US$ 80 milhões para a compra de milho, mas não foi atendido por causa da falta de cereal nos estoques oficiais.
Fonte: Agência Estado
É necessário que os gestores da Conab tenham mais conhecimento sobre a atual qualificação dos empregados anistiados, que retornaram ao quadro de pessoal da Conab, por determinação de Governo, através da Lei de Anistia nº 8.878/94, mesmos aqueles oriundos da ex-Cobal, em que exerceram funções dignas de açougueiros,balconistas e operadores de caixa. Pois ao longo dos anos em que estiveram fora da Companhia, mesmo com dificuldades financeiras, tiveram a coragem de retornar as salas de aulas para se qualificar em cursos superiores ou técnicos de nível médio. Entretanto, a Conab não está sabendo aproveitar estes empregados ou enquadrar em funções essenciais para o desenvolvimento de suas reais capacidades e melhorar a prestação das atividades da Empresa a sociedade.
Postado pela ASNAB/GOIAS.