As investidas do Congresso Nacional contra o Supremo Tribunal Federal nada mais são do que chantagens políticas inspiradas nos elementos criminalizados no Mensalão e nos excessos de poder que está nas mãos do PMDB e do Governo do PT. No fundo, são ações de conspiração política amparadas no quesito da impunidade, rechaçadas pelo STF e agora agravadas pelo fato da campanha presidencial estar nas ruas e as caravanas políticas anunciadas e programadas.
Num certo sentido, essas retaliações antidemocráticas são efeito das fragilidades políticas e institucionais das Casas Congressuais e de suas lideranças parlamentares. Assim, não há dúvidas de que essas ações vêm à tona com a eleição de figuras carimbadas para as Mesas Diretoras dessas Casas, unicamente comprometidas com os interesses clientelísticos dos Parlamentares.
Em realidade, o que gera toda essa controvérsia, transformada em furdunço pela mídia, são os excessos. Particularmente, os excessos de poder atribuídos ao PMDB e ao PT; e, até a alguns excessos virtuais e verbais de responsabilidade de alguns ministros do STF.
No novo cenário de poder, tanto o PMDB como o PT incorporam características conservadoras e fisiológicas e, são transfigurados num ninho de cobras dissimuladas que destilam veneno e picam agressivamente suas vítimas, na briga fratricida por nacos de poder político.
Outro agravante para essa controvérsia, diz respeito aos excessos de tolerância no uso privado dos bens públicos, característica histórica do patrimonialismo brasileiro.
Paradoxalmente, por maior que seja a ênfase dada ao modelo liberal pelos governos anteriores, hoje com o PT no poder, é expressiva a influência do poder privado no seio do setor público.
Ademais, com a crise do modelo liberal, o viés patrimonialista está voltando a toda aos palcos da burocracia brasileira, para gáudio do Partido dos trabalhadores. Nesse imbróglio, em que a intervenção do estado na economia ressurge cheia de ideologia, paradoxalmente beneficiando grandes grupos econômicos e setores privilegiados da economia, a separação entre o público e privado fica cada vez mais tênue.
De certa forma, o que fica claro em todo esse episódio, é que a característica deturpada do homem cordial de que falava Sérgio Buarque de Hollanda, pode, aparentemente, não está acolhida no Presidente do STF, Joaquim Barbosa, mas está bem representada nos dois principais chefes das duas maiores Casas Legislativas Brasileiras – a Câmara e o Senado.
Assim, tanto Renan Calheiros, como Henrique Alves, são políticos conservadores e afáveis no trato, e dão uma carrada de melancias para não entrar numa briga. Todavia, experientes, devem fazer toda a pantomima no sentido de ficarem bem na fita e não desagradar seus pares.
Portanto, ambos vão utilizar a crise virtual, apimentada pela mídia, para fazer chantagem política, negociar interesses clientelísticos e posar para o país e para os seus pares como líderes que pautam suas ações no equilíbrio e na sensatez, na medida em que irão defender com ponderação, interesses não declarados em nome da equipotência dos poderes.
Fonte: Carlos Alberto FernandesC