Só um terço dos 150 centros de referência para a saúde do idoso no País estão funcionando adequadamente. O motivo: faltam geriatras no Brasil, médicos especializados nesta faixa etária. As informações são de um estudo concluído no fim de 2009 pelo Ministério da Saúde e apresentado durante o 17.º Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia, em Belo Horizonte.

“Se fôssemos atender só os mais frágeis, considerando o padrão da Organização Mundial da Saúde de 1 geriatra para cada 563 idosos, necessitaríamos de 5 mil a 8 mil médicos. Atualmente, existem em torno de 900 geriatras no País”, afirmou o presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, João Carlos Barbosa Machado. 

De acordo com Machado, há desinteresse por parte dos estudantes de medicina em relação à geriatria por causa da ausência da disciplina nos currículos – ela não é obrigatória. Nos EUA o problema é semelhante: a OMS estima que existam 2.000 geriatras, sendo que a necessidade é seis vezes maior. 

Segundo Luiza Maia, coordenadora de Saúde do Idoso do Ministério, atualmente 70% dos idosos no País – cerca de 14 milhões – dependem do Sistema Único de Saúde (SUS) e 25% deles têm problemas importantes de saúde ou estão acamados. “Precisamos de pessoal bem formado, que não veja as questões de saúde do idoso como algo normal, coisa da velhice”, disse Luiza. 

Diante do envelhecimento acelerado da população brasileira, Luiza defendeu que a geriatria tenha tanta importância no SUS quanto as ações contra a aids, que se tornaram uma política de Estado em todas as esferas da saúde pública. “Todos os Estados brasileiros já têm 7% de população idosa”, destacou. Hoje, de acordo com o IBGE, 26% da população brasileira tem até 14 anos e 6,6% das pessoas têm 65 anos ou mais. Em 2050, segundo estimativas do instituto, essa proporção será invertida: os idosos serão a maioria, representando 22,7% da população, enquanto que a taxa de adolescentes será de 13,1%. 

Fabiane Leite